MINHA INFÂNCIA.
Oh! Pobre mas tão doce infância
Eu que nada tinha, tinha tanto
Daí não sair da minha lembrança
O riso, a confiança, o canto
A casa modesta, pequena
Como tanto amor cabia
Segurança, afeto, cuidado
Até o pranto soava melodia
De um longo dia de trabalho
Um homem retornava suado
Quase sempre, pouco trazia
Cansaço, mãos e pés calejados
Uma mulher franzina
Todo dia o dia todo a correr
Cuidando de tudo, que era quase nada
Sempre o sofrimento a esconder
Homem e mulher tão carentes
A cuidar dos filhos com fervor
Sempre alguém mais acolhia
Como podia existir tanto amor
No fim do dia, ver os avós
Rezar o terço, a radiola tocar
Assistir uma novela, brincar
Oh! Tempo que nunca vai voltar
Este tempo que tudo leva
Que finge trazer felicidade
Quanto mais este tempo passa
Tanto mais aumenta a saudade