PASSAGEM DUMA VIDA

Á MEMÓRIA DO MEU PAI QUE TANTO AMO

ERNESTO COSTA

Perdi o meu pai que amava tanto,

Adormeceu eternamente nesta vida,

Deixou-nos só neste desencanto,

Perdido nesta partida tão despida,

Sofro por ti a tu'alma qu'rida,

Que vou rezando neste meu manto,

Com lágrimas do meu pranto...

Eu choro a tua falta perdida.

Eu que mais do que nunca preciso,

Muito de ti, Meu queriido Pai...

A tua falta me faz perder o juízo,

Eu sou uma criânça, ai, ai, ai, ai...

Não sou responsável plos meus actos,

A tua falta me faz sofrer dos tratos,

E tu meu pai partiites em tempos que já lá vai,

Sinto a tua falta vendo os teus retratos.

Uma pessoa como eu precisa,

De ser muito compreendido,

Precisa dos Pais, neste mundo perdido

Pra se viver neste País sem camisa,

Ninguém pode ficar ofendido,

Comigo, porque eu sou inocente,

Na realidade sou uma figura de gente,

Quem ficar ofendido realmente....

Não sabe compreender mesmo nada.

O Juízo, quando cresci...

Nesta vida desorganizada.

Sofro de mais nesta vida,

E a mim ninguém me compreende,

Tenho a cabeça perdifda,

Mas a saúde não se vende,

A minha vida é conhecida,

E mesmo ninguém m'entende.

Eu q'ria que tu não te partistes,

Tu és mais importante que o dinheiro,

Preferia-te a ti, que tu não caisses

Noutro Mundo, tu também primeiro.

Eu sem ti não sou nada feliz

Mas a saúde não se vende,

A minha vida desorganizada.

Sou uma crîânça complicada,

Mas nasci mesmo de ti...

Tive uma educação errada,

Foi tal e qual como nasci

Assim... E contudo perdi,

O Juízo, quando cresci...

Nesta vida desorganizada.

Sofro de mais nesta vida,

E a mim ninguém compreende

Tenho a cabeça perdida,

Mas a saúde não se vende.

Tenho idade, tenho ideias em alguém,

Mas não sou amado. Vivo na tristeza.

Quando penso. Sinto que ninguém

Me ama. Mas estou em mim prezo.

Pensa muito em mim MÃE,

Começa a preocupar-te comigo

Pois eu também sou teu amigo

No entanto tens tu que ver bem.

Não tens sido justa comigo, não!

Eu tenho tido muitos problemas

Mas repara qu'estou contigo co' razão

São por vezes sérios lemas.

A janela grita de contente,

E as portas mortas de sono

No entanto se vive indif'rente

E a casa atrapalhada sem dono,

O quarto acorda de sono

E o dia espreguiça-se de outrem

Mas a noite morta,fica sem dono

E o dono fica e não vem.

Como a gente lê o Fernando Pessoa

Ama a sua bela e linda poesia...

E um Poeta nasce em Lisboa,

E mais outra, Outra filosofia.

LUÍS COSTA

03/05/98

TÓLU
Enviado por TÓLU em 31/10/2019
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