Amor antigo
Vou vê-lo de vez em quando,
Moro longe.
Me alimento de saudade.
Quando chego, minha recepção é sempre com um carinho disfarçado.
Ele me ama também.
Eu sei.
Mas, ele não diz.
Amor não é palavra.
Nosso amor é meio antigo.
Ele diz que me ama quando corre os dedos marcados pelo trabalho duro pelos meus cabelos.
Ou quando ri das minhas calças apertadas, dizendo que não sabe como faço para passar pelos pés.
O amor tem formas distintas.
E eu demorei compreender a forma dele me amar.
O coração comprime, meu amor possui a saúde comprometida.
Só que ele é duro na queda.
Tem sede de vida.
Meu amor tem idade e ela já conta 86.
Meu sujeito, meu pai velho,
Que farei eu quando você se for?
Te peço: ao menos deixa comigo esse nosso amor.