O GRANDE HERÓI

O Herói

Segunda-feira, 17 de agosto de 2017. Um dia normal como qualquer outro. Despertador. Acordar. Escovar os dentes. Tomar banho. Café da manhã com a família. Escola das 7h ao meio-dia. Almoço.

Fim de semana passou cheio de planos. Mais planos do que ações.

O plano era aproveitar ao máximo a “folguinha”. Brincar. Jogar futebol. Videogame. Aproveitar a companhia de mamãe...e a comidinha!!! hum!!!

Mas, autoritária e funesta, chegou a segunda e, com ela, o choque de realidade.

Abro o celular. Leio: “O presidente do Parlamento Europeu pediu uma homenagem silenciosa às vítimas das catástrofes naturais ou humanas do último Verão”. Desisto.

Busco o controle remoto e aperto o play.

Notícias de última hora! Anuncia a manchete.

“Pelo menos 23 mortos e 57 feriados em explosão em shopping no Peru. Nenhum grupo assumiu até agora a autoria dos atentados!” Desligo.

- Não é possível mais tanta tragédia! Preciso fazer alguma coisa!

Olho de soslaio.

Vejo-o a um canto. Setenta e tantos anos. Cabelos brancos feito neve. Sentado na humilde poltrona, pijama marrom empoeirado, chinelos. Óculos pendurado na ponta do nariz, lendo um jornaleco. Esguio e esquelético. Físico de “jogador de palito” mesmo. Passaram-se 40 anos do ofício de zelador.

- Não aguentava um tapa!!! um “cutucão” apenas na altura do peito e era possível atravessar-lhe o torso de um extremo a outro sem muito esforço!!!

De longe, é verdade, não possuía a compleição física e o apoderamento material necessários para os grandes combates do planeta.

E parafraseando Euclides da Cunha, concluo que “a sua aparência, ao primeiro lance de vista, revela fraqueza. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. ...Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso”.

A voz mansa; as palavras lhe saem da boca feito uma canção de ninar. A doçura ao falar. A mansidão do olhar. A tranquilidade no ouvir. A tolerância no discordar. A paciência de escutar os toscos reclamos. O semblante domesticado e inocente da sua maturidade.

Não há o quê mais reconfortante sentir o afago caloroso e gentil dos seus conselhos. Alivia as tensões. Regozija a alma. Pacifica os corações. Conforta o espírito.

Esse é meu herói... Meu pai!

REMI
Enviado por REMI em 27/09/2019
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