Avozinha
Minha avó era uma senhorinha
Com aparência tão velhinha
Assim a conheci,
Sempre tão enrugadinha.
De estórias ela gostava
Sempre tinha uma piada.
De ler, não deixava,
Lia tudo o que podia
Em letras tão pequenininhas
Que não sei como conseguia.
Ensinou-me a ler e a contar os números
Imbatível como ninguém,
nunca se cansava
Pra todo lado andava.
Íamos a pequenos passos
Por toda Salvador,
Até que um dia ela se cansou e
De lá se mudou
Já não a via como antes,
A saudade era cortante.
Um dia, depois de anos
Mais próximas ficamos
Já não era como antes.
Suas pernas estavam frágeis.
Corria pela casinha com a sua cadeirinha.
Sempre, sempre resmungando.
A bíblia ela lia, dia e noite
Noite e dia. Assistia ao futebol
E nem sabia pra quem torcia
Essa era minha avó,
Agora borboleta, quebrou suas asinhas.
Que vontade de cuidar
Dessa pequenininha
Que tanto me cuidou um dia.
(Para Silbene)