Pai
Quando você pegava no meu colo e me ninava
Quando me dava aquele esporro e eu cabisbaixa chorava
Quando me buscava da escola e eu alegremente te contava aquelas travessuras q aprontava
Você sorria do meu jeito intenso e gargalhava
Quando você era meu aluno e eu sua professora lhe ensinava
Quando você dirigia e eu corrigia sua postura errada
Quando eu nadava e você apreciava
Quando eu parti, criei asas e você todo dia me ligava
Quando eu me ausentei e você se assustava com a minha postura atrevida e inusitada
Por muitos anos não compreendi seu jeito e a maneira pela qual fui criada
Hoje entendo que foi medo de perder a princesinha que você tanto amava
Companheira de caminhada
Amiga que te alertava
Hoje entendo o quanto doeu em ti minhas escolhas complicadas
Mas necessárias para o meu crescimento e para que você visse a mulher que me tornava
Tornei-me muito mais do que aquilo que você imaginava
Tornei-me borboleta que voava
Tornei-me semeadora da vontade do criador que sempre me amparava
Tornei-me a dignidade e o caráter que você esperava
Tornei-me mulher que sabe que tudo na vida passa
Menos o amor que desde sempre guardava...