Folhas ao vento...
Folhas sonâmbulas aos montes no chão lúgubre e jazem...
Folhas voluptuosas e transparentes nas cálidas caravanas
Folhas alucinadas e vibrantes, desejam chegar ao nirvana
Folhas esvoaçantes submergem nas águas e se desfazem.
Folhas que balançam leves, navegando livres aos ventos
Folhas que se prendem em arbustos, com o receio de cair
Folhas vulneráveis que choram, sem vislumbrar um porvir
Folhas dançarinas bailando, se soltam e vencem no tempo.
Folhas largas e verdes, como os velhos cajueiros gigantes
Folhas transfiguradoras que renovam e vivem seus ciclos
Folhas que não sentem o medo das quedas e se reciclam
Folhas sedutoras, vestidas de amor e luz, fotossintetizantes.
Folhas resistentes que só caem se empurradas para a ida
Folhas aladas, reverdecendo no doce perfume das rosas
Folhas violentas que se expandem com suas iras trevosas
Folhas cansadas e frágeis, conjeturam-se caladas e caídas.
Folhas com as almas puras e alvas que geram os seus filhos
Folhas tênues, embalsamadas nos jardins de uma vida pobre
Folhas nascidas ao sol, intrépidas, altivas, dignamente nobres
Folhas que os querem livres, fortes, não fracos e maltrapilhos
Produção texto: Miriam Carmignan