Família, início, meio e reinício
Como água que cai na chuva
Somos essa incerteza de saber o lugar que vamos ocupar
Mas também como água
Que na bica de um regato escorre sem cessar
Somos essa vontade sem fim de coisa boa pra dar
Da vontade ao ato
Do nascimento às formas de ser e pensar
“Cada momento,
Cada instante
É quase eterno
E passa devagar,
Se seu mundo for o mundo inteiro,
A sua vida, o seu amor, o seu lar”
Nasce-se numa casinha simples em meio aos campos
Cresce-se rodeado de amor, sacrifícios e lutas
A infância pede descanso e brincadeiras
Mas os campos precisam ser roçados
E os campos precisam ser arados
Os alimentos precisam ser plantados
E os plantios cultivados e capinados
Tem fornalha que exige lenha buscar
Tem o frio que exige a veste tecer
A igreja te pedindo pra rezar
As festas que trazem a alegria de cantar
Passam-se os anos
De dificuldades compartilhadas
Uma hora a maturidade vem
E é preciso arriscar novos ares
E aprende-se que o amor se apresenta de mais de um jeito
Numa igreja, num altar, alianças
Numa nova casa, num outro lugar, estende-se uma família
Não outra, mas uma continuação daquela
Pois quando os laços são sólidos
E os afetos se misturam com o reconhecimento
A memória alcança o que o tempo não permitiu trazer
E tem-se então um pai falando de pai
Uma mãe falando de mãe
E são pais e mães falando com pais
E pais e mães falando com filhos
E os filhos fazem pais virarem avós
E os avós se realizam nos netos
Novos personagens vão surgindo
Momentos de alegria
Momentos de dor
Alguém a mais na família, seja bem vindo
Alguém a menos, saudades
E vai-se fazendo a história
E vai-se contando uma história
Feliz coisa deve ser fazer a própria vida pra contar
Melhor é quem sabe fazer o bem pra contar
“Pra falar da gente não precisa estudar não”
E se a história é de bem
A gente sempre quer ouvir um pouquinho mais