A CARTA AMARELADA

Arrumando o meu armário do quarto

Deparei-me com vários objetos perdidos,

Entre eles, uma frasqueira velha de viagem

Esquecida, em um cantinho bem escondido

Abandonada sem ser utilizada... Logo, criei coragem

E refleti se deveria abri-la naquele momento,

Para que trazer de volta um passado distante!

Se o presente é o agora... Abri sem pensar no sofrimento...

Dentro, quase nada tinha de interessante:

contas antigas, fotos desbotadas, uma chave quebrada,

e um velho anel de formatura, sem uso...

Observei direito, lá no fundo, havia uma carta,

Amarrada por um cordão e amarelada pelo tempo

Emocionei-me e acelerei a leitura calada,

Lembranças adormecidas voltaram, com o vento

Uma inesperada lágrima na minha face rolava,

A caligrafia rabiscada, inconfundível,

Era de alguém que conhecia e muito amava

O texto bonito falava dos seus seis filhos,

Dizendo que os amava de verdade,

Eu soluçava, enquanto a leitura continuava...

No final estava pela minha mãe assinada

Apertei-a, forte, contra o peito

Feliz em saber que muito fui abençoada...

A carta continua guardada na frasqueira,

Mas, agora ela embeleza o mais lindo lugar da casa,

O coração de uma filha amada.

Elisabete Leite

(Reeditada em 09/11/2018)

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 09/11/2018
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