ODES ÀS ASAS RECOLHIDAS
INÍCIO
Ela se foi. Deixou-me aqui,
Atirou-me malas, não era mais filho.
Indaguei de meus irmãos, bateu-me a porta.
Restou-me ir à que foi casa de vovó,
Fora-se oito anos antes, restara Titia
E essa foi minha mamãe.
Um colchão ao chão
No quarto mais frio.
Sem amigos, diversão,
Tanto faz se for sombrio.
Jantares nos quais cada
Porção de carne era engolida
Com ciência de quão apartada
Tornara-se minha vida...
FIM
Sentia-me claramente badulaque:
À exceção de Titia, ninguém comigo...
Alegria, apenas a de biquinhos de lacre
Nas revoadas piantes no abrigo.
Um dia, brinquedos (bichos enfileirados) -
Olhei-os com tédio e desgosto, vergonha,
Brincar agora é coisa do passado...
Só converse sobre isso com a fronha!
MEIO
Toda dor ensina, o mal
Dissipa-se no ar, ao por de Sol,
Quando recolhe-se cada pardal
E não sou mais mi, mas mi bemol.
Avança-se oitavas ou mais
E cada canteiro florido sorri
Pelo prazer de ter-me acolhido.
No jardim, o poste a luz de gás
Testemunha o quanto ali sofri,
Busquei em objetos os bons amigos.
Desde então dores e alegrias
Perfizeram-me quem agora sou.
Só em mim é que encontraria
Os pais, cada um que me deixou...
Dedico à titia Inaia.