Bença, Pai! Bença, Mãe!
Do tempo de criança guardo lembrança
Quando aos pais a gente pedia a bênção
Que na humildade chamava bença,
Seja abençoado, mas preste atenção:
Não vá brigar, seja uma boa pessoa,
Brinque aqui e não vá para rua não,
Seja bom cristão e não coisa a toa,
Tenha boa alma e igual bom coração.
Pedíamos também na hora da comida
E agradecíamos o feijão com arroz,
Felizes quando uma bebida era servida
E juntávamos as mãos com fervor.
Deus que te ajude, mãe. Que te ajude, pai,
C’ajude, mãe, c’ajude, pai, c’ajude tudo,
E recebíamos bênçãos e cada vez mais
E queríamos ser felizes neste mundo.
Aprendíamos que tudo emana do céu,
Mas com o esforço de quem na labuta
Esmera-se pelo pão, pelo leite, pelo mel
E extrai o bem necessário da peça bruta.
Hoje já envelhecido não esqueço a lição,
Que a dádiva é para quem tem gratidão,
E se esqueço de pedir por uma benção,
Logo elevo as mãos para implorar perdão.
Pois nada existiria se não fosse concedido
Pelo Criador que oferece sua graça
Através do seu filho, o mais querido,
A todos os descendentes de sua raça.
Hoje venho chamar todos à consciência,
Desde o mais jovem ao mais idoso,
Seja criança ou esteja na adolescência,
A bênção de Deus é para todo o povo.
Não esqueça de aos céus suplicar
Por intermédio do painho e da mãinha
E como chuva o Senhor vai derramar,
Atendendo o pedido do padrinho e da madrinha.
E quando o sacerdote você encontrar na rua,
Pegue sua mão e com um beijo nos dedos,
Diga a ele: Padre, quero a bênção sua,
Pois de pedi-la eu jamais terei medo.
E vamos cumprindo do Senhor a ordem:
Abençoar sempre para sermos abençoados,
Pois a maldição dada gera desordem
E os maldizentes serão amaldiçoados.