RELÓGIOS DE FAMÍLIA
No mecanismo do lar,
pai e mãe registram anos de convívio,
e enjaula-se o filho caçula
na precisão do amor.
No lar atrás dos relógios,
os jantares são pontuais,
os talheres e pratos marcados,
e ajusta-se o filho do meio
para uma apatia crescente.
Ao rodarem os lares,
regulam-se as máscaras.
E no lar, diante do cuco e do simultâneo,
o filho mais velho, enfim descobre,
que enterrar os pais, os irmãos,
as louças da casa,
sempre foi uma questão de cálculo.
DO LIVRO: "ADVERSOS E OUTROS MOMENTOS"