Raimunda
Vestido de estampa amarela,
Frouxa anca e fartos seios...
Mas quem é essa? Quem é ela
Que recrimina meus modos feios?
Ela que me tanto censura,
Que me ralha como o diacho...
Que me enche de doçura,
Apertando de cima a baixo.
Só tenho seis míseros anos,
Mas me confunde essa pessoa:
Horas é o pior dos tiranos;
Horas não há alma mais boa!
Ainda minúsculo te amei,
Minha avó entusiástica...
Lembro que atento escutei
Muitas histórias fantásticas!
Corro pro teu mingau de aveia,
Sonho com teu semblante...
O pirão de peixe ainda permeia
A marca mais significante
De uma infância que valeu:
Que foi intensa e me marcou!
Pois em mim nunca morreu,
Tudo que você me ensinou!
(In memorian de Raimunda Rita Amorim, avó paterna)