NEM PRA CHORUME SE PRESTA MAIS
Família é elo esquisito,
por vezes se granitiza, se agiganta,
por vezes se estorva, enerva, é carga adversa.
Família tem porões que pouco invadimos,
tem gosto que pouco atracamos,
tem pétalas que pouco reconhecemos o teor.
Seus acordes soam como cântaros abençoados,
por vezes,
ou como estridentes ladainhas toscas e rebarbadas,
por outras vezes.
Família é verso aflito, contundente, desnutrido, descolorido,
fábula sem freio, escama sem respiro, lastro sem razão,
a temos como reflexo distorcido dos nossos sonhos de major,
a retemos um tanto sem escrúpulos, um tanto sem temperos,
um tanto sem perdões,
como se fossem rostos na multidão perdidos, sem raiz,
sem destino, sem legado, sem matiz.
Da família retemos nossos regatos de escuridão sem trégua,
nossos estorvos que mal encaixam nas frestas do que buscamos,
nosso fim quando assim for a hora, nosso derradeiro esvoaçar por estas bandas.
Família é fonte dos tontos desmandos que evitamos cerzir,
hóstias obtusas das chancelas embriagadas do alardeado,
folguedos desengonçados de um querer-bem longínquo,
triste, desamotinado, esquecido num encardido qualquer.
E que agora pouco se aglutina, pouco se enfrenta, pouco se jaz,
como farpa afincada naquilo que outrora mantivemos como ouro,
e que hoje, quem dera, nem pra chorume se presta mais.
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