A CONCEIÇÃO
Sente o primeiro desejo
de gerar um filho
do teu próprio seio
alimentá-lo do teu útero,
a ânsia fecunda
de toda mulher:
gerar, parir, criar,
ser mãe!
E cada mês é mais uma alegria
A surpresa do primeiro movimento
Do primeiro chute!
Do primeiro espasmo!
E nos últimos meses te alucinas!
És esfera global!
Bola fecunda!
O enjôo, a ânsia, a vertigem!
O dilatar da bolsa:
A ruptura!
É o prelúdio do nascimento.
É a vontade de liberdade
Que o teu feto almeja, principia.
E te afliges, magoas, dolores!
Amas como nunca!
Te angustias!
Que grita, que salta!
Que quer liberdade!
Quer sentir o vento,
Quer ver o sol.
Existir amplamente!
E recoberto de sangue,
longe do manto-barriga,
Chora o choro dos récem-nascentes.
E te invades um sentimento tão puro!
Que nunca antes havia sentido!
Um amor forte. Inexplicável!
Coisas de mulher, de mãe!
Divinamente!
És mãe! E sentes um amor imenso!
Maior que seu próprio ser!
Que toda sua vida!
E choras contente de alegria!
E quando olhas, vês somente um vulto
por trás de lágrimas, o teu filho;
É o feto, a nova vida!
O resultado desta novenária hibernação:
de dor, sofrer, de choro, insônia.
E agora cantas, com coração festivo!
E choras o choro canção.