Meu pai
Quando eu era criança
Ele era o meu herói
Eu nada sabia da vida,
Era meu porto seguro, minha força, minha luz
Eu precisava do meu pai
Já na adolescência, quase chegando à juventude
Era meu vilão, meu inimigo, quadra dão
Jamais quis vê-lo com a turma
Queria distancia, eu já sabia tudo da vida
Não queria meu pai
Eu era o herói de mim mesmo
Quando me tornei adulto
Virou meu amigo
Foi ai que comecei a dar conta dos meus erros
Das besteiras que cometi
Conversando, dialogando como velhos amigos
Passei a entender o sentido da vida
Quando me dei conta
Você não estava não era mais meu herói
Meu vilão, meu amigo
Ficou na lembrança, virou solidão
Ah meu pai que saudade
Da imagem forte
Que quando andava pela casa
Rangia o assoalho
Da rotina imposta, rígida e sistemática
Quanto temor estabelecia
Quando perdíamos as coisas brincando
O martelo, as chaves de fendas,
Hoje meu pai é uma lenda
Que não morreu, seguiu na frente
Foi desvendar mais segredos da vida
Foi abrir as portas e alcançar um lugar pra gente
Bem mais seguro
E com certeza o mais brilhante do céu.