MULA LORENA

Chico Toledo era um moço bom, honesto e trabalhador,

Não fez nenhuma faculdade, mas na bondade era doutor.

Bom cavaleiro, afamado, conhecia tudo de montaria,

Cavalgava por todos os lados, fosse de noite ou de dia.

Ele tinha a mula Lorena, mansa, tranquila e marchadeira,

De dia e de noite, com chuva, atravessava rio e corredeira.

Levava-o para todos os lados, a bailes e festas do interior.

Arreada com peitoral e sela prateada, de artigo superior.

Robusta e com muita energia, estava disposta na ida e na hora vir embora,

Certa vez, viajou com ela muitas léguas até chegar à Igreja de Pirapora,

Na volta da viagem, a mula tinha como ração, sal, milho e pasto à vontade.

Ela era muito inteligente sabia todos caminhos de ida de volta da cidade

.

Ficou muitos anos com ela e em todas as viagens aparecia um comprador,

Ofereciam-lhe muito dinheiro, jamais venderia essa mula de valor.

Ela era mansa e companheira, incontáveis vezes que ele a montava,

Na volta para casa ela estava bem disposta, no pasto ele a soltava.

Ele debruçado na janela , ela pastando e olhando-o com ternura,

Ele lembrava dela, nova e resistente, elegante, uma linda figura.

O tempo foi passando, seu pai vendeu o sítio de porteira fechada,

Separou-se da mula, muito triste e iniciou uma nova jornada.

Na nova casa, em Limeira, novos empregos, logo tornou-se comerciante,

Roupas novas, bons sapatos, mãos finas, não parecia mais um sitiante.

Trabalhava no Armazém, atendia os fregueses, rápido, não demorava,

Longe do sítio, lembrando-se da mula Lorena , de tristeza se amargurava.

Limeira, 17 de Novembro de 2015

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 01/03/2016
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