Família
Ninguém olhou para a sua essência contida
naquela mesa insensata verdades são perdidas...
Olhos vazios percorrendo regiões desertas
verdades não concretas de uma jornada sem pedras.
Do seu seio luminoso, fui gerado e cresci
mas a sua alma fugiu de perto de mim.
Não poderei continuar mais ao seu lado
que jamais me embalou, jamais me cuidou.
A solidão deságua daquela ferida aberta
que arde, escorre, tão lenta, acalentando a fraqueza.
Estou preso nos entraves das chuvas de lágrimas
e o sol que se apagou nessa manhã.
É tudo escuro nessa luz e nada mais
gritaremos para o mundo: a imposição se esconde na paz!
Ousarei cantar, uno, o canto calmo do passarinho
piando nas trevas escondidas do meu ser.
Sempre só, calado e chorando
quem vai escutar esses lamentos subjetivos?
lágrimas secas, são espadas que transpassam meu peito...
Onde está a fonte da cura desse egoísmo mascarado?
Sou um altruísta sem voz, sem dor.
Estamos ouvindo os moinhos sombrios
de uma espera lenta e serena...
É o nosso amor que grita nos desatinos
perdidos pela nossa ignorância,
que grita contra a insensatez, sem ouvidos.
Eu quero sentir de novo o abraço, em segundos eternos,
abraços que esquecemos de cultivar no dia a dia.
Que a nossa arrogância impediu de alcançar,
esquecemos da mais simples lição:
a humildade é a semente do amar.