A Rebelião Dos Pássaros
Nasci de uma paixão,
logo após o Sol se pôr
e trair sua Lua viciada em ópios e violências.
Era tarde, tão tarde que eu tardava.
E doía,
e eu gritava
toda a dor do parto que é ter que nascer.
Haviam sons difíceis de entender,
lá (aqui dentro),
bem no fundo da minha Mãe.
Minha Mãe, que chorava junto,
e eu não sabia se era por seus sonhos frustrados,
ou por suas suas alegrias ingênuas,
- de incontáveis contínuos amores -
Agora, eu já era amor também.
Amava tanto que gritava
ao ver os olhos que me amavam,
mesmo na minha maior rebelião.
Me prometeram quatro olhos inundados de amor,
mas eram apenas dois olhos, eu lembro!
Disseram-me que um par desapareceu
ao final de uma dessas alegrias.
Acho que havia uma tristeza profunda
no final dessas alegrias, ele nunca mais voltou...
Depois vieram anos...
E com eles, comemorações caóticas
de ruínas em constante construção.
Comemoravam suas pedras revolucionárias,
que ao primeiro manto de bicos rasantes,
mudavam de lugar e caíam.
Trazendo a ideia de que nunca serviram à nada,
senão às ilusões que construímos.
Também vieram as promessas inquebráveis,
que logo após o Sol nascer e a mesa ser posta,
eram estilhaçadas...
Mas eu sei, que naquele breve momento
da culpa humana,
eram as únicas mentiras sinceras
que eu poderia perdoar todas as vezes que ouvisse.
A hora de agora, dos pássaros no telhado
que não me deixam dormir, é onde moro.
Nessa gentileza do que dói,
e ainda assim
faz cama para amar novamente,
eu também habito.
Dançando ternamente
com o que machuca e o que pune,
sem fazer parte de suas tramas trágicas
- de finais frágeis -
Sem custurar suas feridas,
mas cantar seus lamentos
como se fossem as canções mais lindas de amor.