Júlia Fernandes Martins
O tempo passa.
Em “Oração ao Tempo”
Ouvimos que o tempo é compositor de destinos
De fato é.
Jamais havia colocado qualquer lembrança sobre minha mãe
Mas hoje, bem cedo, antes da cinco da manhã olhei para o céu e a vi
Vi e ouvi toda a ternura de suas palavras.
Lembrei-me que nesse mesmo horário, ela ouvia o Programa do Preguinho e sempre achávamos aquilo o fim do mundo (eu daria tudo para passar por isso de novo).
São 27 anos de ausência, dolorosamente suportada.
São 27 anos de extrema saudade.
A minha mãe era admirada e querida por todos, era católica e temente a Deus.
Quando João Paulo II foi alvejado reuniu-nos para rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria, sinceramente, eu não sabia por que o Papa tinha levado um tiro lá na Europa e por que isso vinha interferir dentro da sala da minha casa. Hoje eu sei a importância de tudo o que ocorreu.
Minha mãe também ensinou-nos tudo sobre respeito, fé, amor ao próximo, alteridade.
Apresentou-me Cora Coralina e Henfil, fatos importantíssimos para minha formação.
Foi, até o fim, a pessoa mais admirável que já conheci.
Lá no Pai, eu sei que ela sempre está olhando para mim.
Dona Júlia Fernandes Martins, minha mãezinha, hoje, mais que nunca, eu acordei pensando em você.
E tenho certeza que meu dia será muito mais feliz.
Um beijo.
Gilmar
Corumbá MS, 04 de outubro de 2014.