A HISTÓRIA DE UM MILAGRE

Depois do enlace,

mil sonhos nos trilhos,

Dentre as prioridades,

Esperavam filhos.

Em meio a espera,

A Missão com as crianças,

Desejado eu era

entre desesperanças!

Primeiro mi'a irmã,

veio e foi-se depressa:

Dezessete dias

à luz da promessa.

Alegria intensa,

Profunda tristeza!

Temporada tensa,

de certa incerteza.

Num floril dezembro,

um desejo anuncia

O fim da espera,

mesmo que tardia.

Um exame, a certeza,

um tormento em segredo.

Notícia, a surpresa:

“dois meses!”... Que medo!

Uma grande perda

veio a acontecer:

Se foi vó Nogueira,

sem sequer me ver.

Quando ela se foi

eu já estava aqui,

Mas d’onde eu estava,

não a conheci.

Três meses: “que alívio!”

O sonho é real.

Belém, mais exames:

gravidez normal.

Tia Tati, tio Marcos,

Rodrigo e João,

Sempre nos cuidando

com dedicação.

Quatro meses, Bagre,

o tempo não passa.

Enche os nossos dias

a divina graça.

Pesquisa, escolha

do meu belo nome,

Assim a ansiedade

menos nos consome.

Enfim cinco meses,

barriga crescendo,

Meus pais me cuidando

e Deus me tecendo!

De novo Belém,

e o exame confirma:

“Vem vindo um menino!”,

o médico afirma.

Seis meses, papai

já prepara o ambiente

No qual hoje vive

este pingo de gente.

Mamãe preparava

as fraldas, as roupas,

Sapatos, Toalhas,

nem muitas nem poucas.

Chegou sete meses,

faltavam só dois.

O cuidar de antes,

agora e depois.

Já era um menino

todo formadinho,

E era esperado

com muito carinho.

Um chá de bebê

marca o oitavo mês,

Viagem, Belém,

mais exames se fez.

O doutor Rodolpho,

operação marcada.

Nos planos do homem,

pra julho, que nada!

Num dia de junho

o rumo mudou,

Era vinte e cinco,

essa data marcou.

Um inesperado

fato aconteceu,

Não estava papai,

mamãe adoeceu.

Noite, pressão alta,

dúvida! decisão!

A rua, um carro,

emergência: internação!

As horas se passam,

tudo se complica.

“É hora do parto!”,

um médico explica.

Mil telefonemas,

nenhuma resposta!

Eu estava sofrendo

e perdendo a aposta.

Mamãe muito aflita!

Quão triste era a espera!

Madruga o socorro:

o Sato, a Ribera.

Papai, tia Lourdinha,

de Bagre viajaram.

E seus afazeres

para trás deixaram.

Amigos torcendo,

a Igreja orando!

E Deus se movendo

em quem ia ajudando.

Corridas, exames,

meu pai! minha tia!

Pra toda uma vida

foi aquele dia.

Enfim eu cheguei

dez e meia da noite,

Mas uma notícia

soou como um açoite.

Fiquei na UTI,

aos cuidados das tias.

Pouco vi meus pais

por longos vinte dias.

Corações aflitos...

mais uma espera,

Uma tempestade

em plena primavera.

Regrado o orçamento,

o recurso acabou,

Mas para o sustento,

nada nos faltou.

Em tudo era Deus

quem agia por nós

E em nenhum momento

não nos deixou sós.

Parentes e amigos

vieram nos suprir

No triste momento

em que quase parti...

Mas Deus tem um plano

para a minha vida:

Que eu conte, que eu cante

a Graça recebida.

Pois, mesmo nascido

bem antes do dia,

Já na minha história

tantos nomes Lia:

São tantos que aqui

nem ouso nomear...

Mas o meu Senhor

há de os recompensar.

Assim vim ao mundo,

cercado de dor,

Mas tenho certeza,

foi mais por amor.

Hoje faz um ano

que tenho chegado,

E por tudo, a todos:

meu “MUITO OBRIGADO!”