CENAS EM ASILOS CLANDESTINOS
Lembranças da lucidez
que a alma desemboca
em lágrimas de saudade.
Silêncio nos passos
de pernas incertas
caminhando a sós.
Mãos trêmulas
tecem mantos
azuis ou rosas.
Na calada da noite
ruídos de enxergas
sobrepõem gemidos.
Álbuns de família
vistos à luz de velas
lembram que um dia existiram.
Vozes em orações
dão eco às súplicas
mas não são ouvidas no céu.
A solitária na solitária
ora enquanto chora
e lá fora o filho não vê.
A atadura que cura
também segura e assegura
a hierarquia da ditadura.
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Silêncio nos muros
que encobrem asilos
que revivem horrores
de campos nazistas.