EH! MEU PAI!
(Autoria: Otávio Bernardes)
Falar sobre o pai
é a coisa mais difícil do mundo!
Houve um tempo,
em que eu falava mais tranquilamente
sobre o pai...
Aliás, na atual conjuntura,
falar sobre o que é sério
é difícil demais!...
Eh meu pai! Realmente...
os tempos mudaram
e talvez, por isso, você mudou também!
Estou olhando pela estrada da vida
a sua pessoa, pai...
Estou tentando encontrar uma resposta
para as minhas perguntas...
Estou tentando entender o mundo!
Falar sobre você, pai,
é a coisa mais difícil do mundo!
Ontem, eu vi o seu nome
no jornal... no rádio... na televisão...
Falaram tanta coisa
sobre você, pai...
Eu li todas e comecei a pensar...
Umas bonitas, esperançosas, alegres, construtivas,
outras – eu não sei –
sem sentido... balofas... perdidas
no espaço do ser humano!
Eh meu pai! Eu entendo
muito pouco desse mundo...
Você não me ensinou isso!
Você me passou um mundo diferente,
“bonito,” construtivo...
Você me deixou um mundo
sem lutas, sem vexames, sem discórdias...
Um mundo inteiramente pleno de amor!
Eh! meu pai! eu entendo
muito pouco desse mundo...
E queria dizer pra você
outra coisa: hoje, eu sou pai também...
Tive a felicidade de continuar
sua luta, sua dedicação...
E não parei por aí!
Continuo tentando encontrar
uma resposta para as nossas perguntas.
Eu não sou perfeito, pai,
mas, eu tenho a impressão de que alguma coisa
podia ser diferente.
Alguma coisa podia tentar fazer
o mundo mais feliz, mais humano!
Talvez, por isso, o mundo vai mal...
Num mundo, em que o pai é objeto,
é interesse comercial,
é esnobação da "soçaite",
eu não posso ser feliz,
ninguém pode ser feliz!
Obrigado, meu pai, por você existir
e ajudar a construir um mundo melhor...!
Um mundo dos pais!