Mae e filho
De repente eu vi os cabelos brancos,
O rosto sulcado e a testa franzida,
No mesmo sorriso de anjo,
Da mulher que eu mais amo na vida.
Ela envelheceu e eu nem vi...
E de repente nossos olhos se cruzaram,
E no fundo dos seus, eu vi o mesmo amor,
Que eu sempre encontrei ali.
A ternura ainda é a mesma,
Aquela que me secava as lágrimas
E sempre me arrancava da dor.
E pela primeira vez ela me olhou diferente,
E também com o mesmo de repente,
Ela parece ter visto que eu cresci.
E então a vi dizendo adeus ao seu menino,
Soltando as mãos devagarinho,
Para que sozinho eu desse os primeiros passos.
E quando abri a porta da vida
Que me esperava lá fora,
Senti bem fundo a dor de ter crescido
Nas lágrimas que escondi
Na hora de ir embora.
E num último olhar ante a distância,
Pedi licença ao tempo e me atirei sorrindo,
Ao doce aconchego que são seus braços.