MEU PAI NÃO ESTÁ MORTO

Não morre o que nos foi bom.

Tiraste-o do convívio de todos

Mas ele ficou na minha sepultura,

doce jazigo.

Aqui onde somente guardamos

O que nos foi mais delicado.

Como um relicário sublime

campo de trigo

Mais vivo do que antes

Em meu peito bem guardado

Resguardado de tudo.

Aqui onde nenhuma dor cruel avança

Meu pai dança para mim

Tiraste-o de uma vida estúpida corpórea

Para trazer como presença ainda mais constante.

Nesta sepultura

onde os que foram amados

estão vivos

Em minha memória

na glória

Andam livres, desgarrados

Sem nenhum semblante

Do que foi triste.