ELEGIA FAMILIAR

“No domingo da Família”

Na aridez do insondável mundo social

Os mendicantes olhos, procurando alguém

Que dê sentido lógico e sobrenatural,

Corporizam a vida que o destino tem.

P´ la própria natureza, que supõe o perigo

Onde a mulher e o homem tem cumplicidade,

Há lugar em si mesmo na veracidade

Do sustento e defesa num qualquer abrigo.

Terá sentido o pai, terá sentido a mãe,

Terão sentido os filhos - neste mundo atroz -

E até as próprias coisas naquele vai-e-vem

Co´ a frágil segurança de uma casca de noz?

Onde terão lugar o alicerce e a sorte

Que, só por si, se complementam na essência

Da pura espécie humana em sua consistência,

Podendo contornar a prazo a mísera morte?

Quando será que o ser humano se apercebe

Que a sua mente, sempre esvaziada e fria

Sem coração e com o seu espírito imberbe,

Vagueia no deserto por todo o santo dia?

Quando será que a luz que animava a alma

Colectiva, da casa e dos avós firmeza,

Garanta todo pão e vinho sobre a mesa

E reorganize na família a união e a calma?

Ó Maiorais, ó Leis, ó Sábios desta terra -

Se é que vós tendes alguma razão de ser

E ao mesmo tempo não vislumbrais esta guerra

Cujos contornos ninguém está a perceber.

Para quando o saltar da profunda barreira

Da desumanidade, que é aquela vil imagem

Que vos embala a cada hora na viagem?

Quando será que rasgareis vossa cegueira?

Parai, escutai bem e, já agora, indagai

Aqueles remédios que é urgente reencontrar:

Se virdes que há mister cortar vaidade, cortai;

Governai, sim, se houver mister de governar;

Fazei justiça se para tanto houver mister;

Fazei partilha com a maior seriedade.

E se derdes o exemplo, com frontalidade,

Toda a Nação terá a Família que quiser!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 28/12/2014
Código do texto: T5083919
Classificação de conteúdo: seguro