O dedo de Deus não está só em Petrópolis
Nasci com fraldas doadas
não sei a que horas da madrugada
-criança só nasce de madrugada-
minha mochila era compartilhada
mas não os meus sonhos
por isso um estudava pela manhã
quando pela manhã o outro trabalhava.
-Depois descobri que muitos nem isso tiveram.
Não havia princesas e nem castelo
dentro de casa e fora dela
tinha que ter comida na panela
short de flanela era comum
e nenhuma das minhas irmãs se prostituiu
e nenhum dos meus irmãos desistiu
calos nas mãos fora da ficção
fogão a lenha e nada de panela de pressão.
-Depois percebi que isso foi muito bom.
Engordávamos sempre um porco em casa
meu pai o abatia, minha mãe o distribuía
quando a parte nobre do suíno ela vendia
e o que sobrava engrossava o feijão
e o carré, um velho conhecido, pude provar algum tempo depois
mas esse não é um desabafo em forma de frustração
pão só o do nosso forno e o bolo de fubá era uma delícia.
Onze, dentre meninas e meninos
onze destinos muito bem encaminhados
até para os dois que já foram encontrar Deus.
-Depois permiti que o destino me guiasse.
Essa é apenas mais uma história Real fora da Realeza.