Brincar

Pensar na infância

Me faz galopar

Nos cavalinhos

Feitos pelo meu pai

Ele não brincava

Só olhava

As nossas peripécias de criança

E sorria

Quem sabe brincava através de nós

Na construção desse mundo galopante

Feliz

Cheio de algazarras...?

Quando Mané passava no carro de boi

Corríamos

Meus irmãos e eu

Pulávamos no cocho

Que deslizava

Puxado pelo carro de boi

Guiado por Mané

Que na sua lida diária

Sempre abria aquele sorriso

Quase todo desdentado

Ele também era brincante

E gostava de aventuras

Logo depois

Saíamos em disparada

E já longe

Embrenhados no mato

Trilhando novas aventuras

Ouvíamos a sua gargalhada

Éramos desbravadores inocentes

Remexendo o passado

Restos de cerâmica

Enterrados pelo tempo

História da família

Uma riqueza de cores, beleza, tristeza

Transformada em lixo

Cheia de pedaços de passado

Construíamos e desconstruíamos

Brinquedos e brincadeiras

E assim

Mesmo sem saber

Éramos arqueólogos

E recicladores

A serviço da plenitude do brincar...

Wiara Barreto
Enviado por Wiara Barreto em 26/10/2014
Reeditado em 14/08/2016
Código do texto: T5012415
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