MAMY
 
Porcelanas antigas
cores sem importãncia
na decadência
travestida de depressão
o caso famoso
da moldura envidraçada
na curvatura
que o século passa
e ainda mantém
os vinténs oferecidos
ao Buda risonho
no altar da sala
pede aos amigos
eu acredito num fim
que não me tenha
como quadro
há bordados
diários de bordo
quando bordo
pequenas manhas
um cigarro apagado
ainda tragado
no baton
do bordado
guardado  no esmero
saudoso
de uma donzela nascida
minha irmã
o que foste e o que és
são apenas pés
caminhando
ante o sopro do vento
que deixei me levar
quis atravessar
o maligno dos preceitos
valentes
e volta a mim
com mais flores
do que aquelas cores
que deixou
quando pra trás chorou
a árvore da sombra
de todos
ainda que veja o vasto
num imenso
pequeno espaço
minha morte não trás
nenhuma sorte
ouvirá os relatos
do retrato
mantido na foto
dos galhos anteparos
de ninhos
onde dormiu vezes
outras quando esqueceu
que um dia
e por um tempo
cresceu...