Vida!
VIDA!
Surgir espremido, fôlego preso que se solta num tapa.
Tapa, que desperta a luz em um novo ser.
Agressão necessária, mas ilógica no mundo animal.
Parturiente. Ser gemente a expelir parte de si.
Ser gemente a expelir VIDA.
VIDA, envolvida em muco.
VIDA, banhada em sangue. Sangue que alimenta a VIDA.
VIDA, Advinda da dor. Dor que gera dor.
Dor materna e eterna. Ser gente e gemente. Semente.
Dormente.
Acordai, novo ser!
Acordai, nova VIDA!
Gerai, nova VIDA!
VIVEI!
Acionai vossos pulmões adormecidos.
Expressai vossos lamentos chorosos e mostrai-nos a vossa força.
Acalentai-nos, novo ser. Acalentai-nos, VIDA nova.
Esperançai nossos corações pulsantes.
Esticai os nossos lábios retraídos e mostrai-nos os nossos próprios sorrisos.
Vinde, pequenino e poderoso ser!
Domina-nos, pois somos teus súditos.
Pois nos são prioritárias as tuas vontades e mimos.
Pois nos é prioritária a tua segurança pessoal.
Pois nos é a nossa própria segurança e alegria.
Pois somos alegremente teus.
Criança!
Contagia-nos a tua alegria.
Inebria-nos o teu cheiro de bebê.
Acalenta-nos o peito o teu calor.
Disparai os nossos corações com qualquer desalinho vosso.
Pois qualquer desalinho vosso pode ser uma ameaça à tua saúde.
E eis que a vossa saúde é também a nossa.
E eis que a nossa saúde depende da vossa.
E eis que VIVEMOS à mercê da tua VIDA.
Criança!
Esperança!
Aliança!
Bonança!
Criança!
VIVEI, CRIANÇA!
Em nossos corações, e daí não saiais jamais!
NÃO SAIAIS JAMAIS!