POEMA PARA MAURÍCIO
(Para Maurício Marinho, no seu leito de morte)
Não se cale a voz do seresteiro
Não se perca o som do seu cantar
Não se pode, a quem ouve, sonegar
A voz rouca desfiando o cancioneiro
É mister que cure o cantador
Faz-se urgente resgatarmos-lhe a saúde
Pra que volte a tocar mais amiúde
E espante deste mundo alguma dor
Temos sede de ouvir a sua lira
De ouvir, no seu toque, o dedilhar
Como as cordas da viola ao vibrar
No diálogo da canção que o inspira
Que entre nós permaneça por mais tempo
Alegrando-nos as tardes ociosas
De cantigas sincopadas e chorosas
De galhofas, brincadeiras e talento
Um talento que sucumbe ao desperdício
Que não brilha, certamente, o quanto pode
Mas que existe, por detrás do seu bigode
E que atende pelo nome de Maurício