NOVE MESES DE GESTAÇÃO
Sou tua barriga voltando para que me acolhas
E me abraces
Abraço mais forte que a tentadora morte
Unindo-me inteiramente, gestando meu ser
Senhora,
Essa dolorosa Via Crúcis
Sempre me fez ter os olhos no chão
Vivendo como besouro, arrastando-me como caracol
Sinto que sou caquinhos esparramados
Por todo canto do meu viver
Mas se chegares, como eu a espero,
Não te importes com nossas idades
Pois sou tão pequenina
E me encontro neste canto acuada
Onde não me visita nem a sorte e nem a morte
E tu és ainda a força de tua juventude
Lua de nove meses,
Quero teu afago, tua certeza,
Creia em mim
Sou tua filha que chora toda hora
Porque não sei quem tu és
E nem quem sou.