NOVE MESES DE GESTAÇÃO

Sou tua barriga voltando para que me acolhas

E me abraces

Abraço mais forte que a tentadora morte

Unindo-me inteiramente, gestando meu ser

Senhora,

Essa dolorosa Via Crúcis

Sempre me fez ter os olhos no chão

Vivendo como besouro, arrastando-me como caracol

Sinto que sou caquinhos esparramados

Por todo canto do meu viver

Mas se chegares, como eu a espero,

Não te importes com nossas idades

Pois sou tão pequenina

E me encontro neste canto acuada

Onde não me visita nem a sorte e nem a morte

E tu és ainda a força de tua juventude

Lua de nove meses,

Quero teu afago, tua certeza,

Creia em mim

Sou tua filha que chora toda hora

Porque não sei quem tu és

E nem quem sou.

Zilda Garcia
Enviado por Zilda Garcia em 23/03/2014
Reeditado em 24/03/2014
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