Relicário

Só, um brinco não faz par

Só, na brincadeira a criança, se cansa

Só, na dança, um passo solo

Nunca estive só...

Sempre acompanhado por Deus

na hora dos meus medos

me deu mãos e bênçãos

(pais e irmãos)

Passei a vida acumulando débito

parecia um desperdício

Pelo artifício do dom

que é quando escrevo

espero alterar minha sorte

(de quatro folhas um trevo)

Por quantas folhas de papel, for

a minha vida, escorro

pra pagar essa dívida antiga

que se abriga

no peito de quem me ama

Este livro é o meu jardim

convido à minha casa, meus afins

Declaro o meu amor

por quem me ama. Sempre amei

Plantei grama, plantei flores

protegi meus amores

sob a sombra da árvore que tenho sido...

tenho dado abrigo...

Até despedaço-me para gerar o papel

que como anel, nos marca o laço

Morro e me enterrem neste jardim

neste relicário

Derramo-me, vertendo nesta calha

caibo nesta mortalha

Calho de ser um entre os meus

e à minha família e amigos

vivo ou morto

me abraço

NOTA: período 2002-2008

Cassio Poeta Veloz
Enviado por Cassio Poeta Veloz em 16/03/2014
Reeditado em 04/03/2016
Código do texto: T4730699
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