AS CURVAS DO RIO NUNCA SÃO IGUAIS
MIRIÃ MARIA
Minha irmã
Um dia, dona curiosidade bateu-lhe à porta
E ela abriu
Não sentiu o medo que as grandes descobertas
Nos impõe
Não foi uma surpresa saber o quanto
Precisaria dormir para crescer
Nem que as curvas dos rios nunca são iguais
Ou que certas flores não possuem perfume,
Nós é que o escrevemos
De acordo com o nosso humor.
Muito menos que as raízes das árvores
Crescem a revelia do caminho que Deus determinou...
Dona curiosidade acertou
Quando disse: Menina, vai fazer o que acha ser melhor para ti!
E ela foi
Estudou o caminhos das raízes
Conversou com filósofos
E demais desocupados que pensam as coisas
Pensam, pensam
Mas não dormem na terra
Não entram na profundeza úmida dos dias.
Dona curiosidade tocou fogo
No horizonte
E no círculo menor
Viu o improvável acontecer:
A vida brotar indefesa do céu.
Ricardo Nonato 20.09.13