Irmãos mais novos

Que falta sinto de te ter no colo

Minhas mãos mal recobrem teu dorso

Estás crescendo sim, mas serás o eterno anjo

Ás vezes me pegas no flagra, sim sou irmão mais velho, choro

Queria mesmo te guardar em meus braços

Só ali o mundo não poderia te corromper

E nunca ouviria você chorar, correr, cair

Seríamos uma só redoma de puros abraços

Se brigamos é porque conhecemos os limites

Se ultrapassamos é porque o amor prevalece

Se hoje nos falamos é porque irmão esquece

Não teria a audácia de te machucar, só te amassar

E assim você chorar, eu curar, ser teu médico

Acho que em outra vida fomos gatos

E nos lambendo, engalfinhando, te entendo

Desculpe se fui grosso, é o mundo

Desculpe a impaciência, é proteção

Desculpe meus discursos, sou irmão

Sabe, não imagino como não te amar

É natural, banal, minha volta ao normal

É rir de você te fazendo chorar

E ao mesmo tempo apanhar, rindo

Implorando mesmo pra continuar

Teus gritos comigo são poesias

Tuas caretas são alegorias

Tuas pirraças, já conheço

Fui criança, palhaço, caricatas

E se hoje estamos grande demais

Deixemos as gracinhas de lado

Somos adultos, crianças comportadas

Mas nunca me abandone, jamais

Chorarei baixinho, chamarei nossa mãe

De onde ela estiver gritará:

“Deem as mãos”

E juntos, mais uma vez, amaremos sem razão

Gabriel Amorim 21-01-2014

Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 21/01/2014
Código do texto: T4659395
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