PERSPECTIVA
O outono da vida vai chegando
e sem licença, os vai envolvendo,
desbotando-lhes os traços,
já lhes minguando o viço,
já lhes turvando a mente,
já os tornando infantes!
É a vida sumindo, num doer medonho!
É um adormecer lento e contínuo e leve,
Como uma pena que no ar volita
sem sonhos, sem mágoas, sem lamentações,
numa entrega, que inveja dá!
É o "já vou"... O "até logo"... O "vou primeiro"...
O "eu te espero"... de quem na frente for,
na caminhada da estrada curta
de quem cansou de uma vida longa,
de quem já fez o que se propôs,
de quem cumpriu e já resgatou!!!...
Eu os entendo e mesmo tristonha,
driblando a dor que doerá demais,
digo-lhes: "Vão! O Pai do céu espera!
Durmam serenos e despertem em paz!"...
(Aos meus pais: Otávio e Laura)