NO ASILO
Quando se deita no asilo,
Já pensam que estamos sozinhos.
Não estamos sós ali não...
Há sete seres que passam
Todas as noites por nós.
Vem a alegria primeiro
A nos lembrar do passado...
Depois se vai descontente,
Pedindo desculpas a ardentes,
E a gente fica magoado...
Depois é a felicidade
Que vem calada e se vai.
Não diz para nós nem um ai.
Não sei por que, na verdade,
È sempre assim que ela faz...
Depois é o amor, vem sozinho,
Nem faz na gente um carinho...
Todas as noites um espinho
Ali nos deixa e se vai.
A mágoa vem sem demora.
É que eu não gosto da mágoa,
E a mando logo ir embora...
Depois o arrependimento,
Fica conosco um momento,
E até desculpas pro vento
Pede por nós nessa hora.
Depois quem vem é o perdão.
Desse, às vezes, eu gosto,
Deito em seu colo, me encosto,
Mas ele logo quer ir...
E vem por fim a tristeza
Essa danada não sai.
A noite inteira fofoca,
Deita com a gente, se coça,
Nos aporrinha um tanto
Que a gente acaba indo aos prantos,
E nem assim não se vai.