NO ASILO

Quando se deita no asilo,

Já pensam que estamos sozinhos.

Não estamos sós ali não...

Há sete seres que passam

Todas as noites por nós.

Vem a alegria primeiro

A nos lembrar do passado...

Depois se vai descontente,

Pedindo desculpas a ardentes,

E a gente fica magoado...

Depois é a felicidade

Que vem calada e se vai.

Não diz para nós nem um ai.

Não sei por que, na verdade,

È sempre assim que ela faz...

Depois é o amor, vem sozinho,

Nem faz na gente um carinho...

Todas as noites um espinho

Ali nos deixa e se vai.

A mágoa vem sem demora.

É que eu não gosto da mágoa,

E a mando logo ir embora...

Depois o arrependimento,

Fica conosco um momento,

E até desculpas pro vento

Pede por nós nessa hora.

Depois quem vem é o perdão.

Desse, às vezes, eu gosto,

Deito em seu colo, me encosto,

Mas ele logo quer ir...

E vem por fim a tristeza

Essa danada não sai.

A noite inteira fofoca,

Deita com a gente, se coça,

Nos aporrinha um tanto

Que a gente acaba indo aos prantos,

E nem assim não se vai.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 12/04/2007
Reeditado em 27/08/2007
Código do texto: T446424