Lição de sabedoria

Encontrei mamãe com um copo d’água e uma colher.

À sua frente o meu filho primogênito falava:

—Mais, vovó, mais!

Mamãe enchia a colher d’água...

de paciência e bondade.

Ele sugava como se fosse o licor dos deuses!

—Que isto, menino! Isto é jeito de beber água? Falei.

Mamãe olhou-me serenamente:

—Deixe ele...Que importância isto tem!

As suas palavras tinham o poder de suavizar.

E tudo ficava calmo, brando...

Mesmo assim insisti:

—Ele está abusando da boa vontade da senhora!

Novamente a sua voz, revestida de mansidão,

se fez ouvir:

—Isto não me custa nada e ele fica feliz!

Olhei para meu filho...

Havia muita luz em seus olhos.

A alegria brincava em cada palavra

enquanto ele falava:

—Todas as vezes que vovó me dá água na colher,

a água fica gostosa e mata mais a minha sede.

Fiquei em silêncio.

Era preciso sentir.

Era preciso sentir as palavras entrando

bem de mansinho no meu coração.

Era mais uma página de sabedoria

na escola da minha vida.