Asas da Solitude
(Para Clarice Maciel - 1ª Primavera)
O Tempo se arrasta pela pele
E com suas carícias toma-a para si
Suga a jovialidade, rugas tece
Como se desse para colhê-la assim
Rapidamente, aquele incoativo rebento
Sentirá a presença do merencório Tempo
Que, nada taciturno, revela logo seu intento
Ao velar noites de sono com uníssono talento
Entoespaço-entotempo (tudo assim por dentro)
Períodos, imensuravelmente, curtos e abruptos
Sobre os minutos doidos e os segundos doídos.
Ponteiros zombeteiros que demarcam o Tempo!
O “agora” lança novos corpos à forca
Após lambuzar com beijos a mazorca
Que trata disso, daquilo e daquiloutro
Num espaço plano, mas Tempo torto
Avante! Sem parar! Independentemente da “eternidade”
O Tempo alça voo e semeia penas com asas da solitude!
(Publicado, em 2014, no livro Reflexos da Lua Sobre o Sol)
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