QUEM SOU
QUEM SOU?
Eu venho de longe, muito longe!
Faz muitos anos que aqui aportei!
Era nos idos de 1800 com a Coroa Portuguesa,
Aqui cheguei com um tio padre e um irmão.
O primeiro ficou na Bahia de todos os Santos.
O segundo no Rio de Janeiro com Don João VI.
O terceiro foi para as Minas Gerais distante da Capital.
Em Espírito Santo dos Conquibus, hoje Cristina.
Recebeu do Império as sesmarias, terras devolutas,
Do tratado de Tordesilhas donde se plantou e colhia,
As mais variadas produções agrícolas e pecuárias.
Com os escravos, animais e suas forças motrizes.
Tempos bons de cultura, não só da lavoura, mas das letras,
Da musica, dos inventos, explorações cientificas etc.
Mas os livros eram raros, importados e censurados.
Escrever e fala bem, era pros homens dos Coronéis.
Mulheres sofredoras assistiam aos maus tratos de seus donos.
Quer fossem escravas, filhas, esposas ou mucamas.
Quantas gerações não advieram destas sofridas, com suas marcas,
Fossem de seus físicos ou de seus sentimentos que as alijavam.
Só uma revolução Americana, Francesa, e suas conseqüências,
Fizeram de uma Lei Áurea acabar com as dominações.
Graças às mulheres, com seus movimentos, puderam reconhecer seus direitos.
Repercutindo numa sociedade clerical em secular, livre e igualitária.
Assim surge a Republica dando oportunidade dos campesinos,
Se instalarem nas províncias, promovendo seus comércios,
Suas forças de trabalho burocráticas nas repartições,
Criando escolas, faculdades, indústrias, teatros e suas companhias.
Começo a ter minhas oportunidades, fazendo dos meus herdeiros,
Médicos, advogados, professores, políticos, e até nas artes em geral.
Trazem em seus sobrenomes um pouco de meus antepassados.
Quem conhece estas gerações de cabelos brancos e tez morena chama-o Ferraz.
Chico Luz