Pai...

In memoriam de Ary Almeida

Pai, tu não eras tão velho,

te entregastes na lida,

pra nos manter a comida

sem te importar que o trabalho,

e as intempéries da vida,

pudessem te maltratar.

Pai foi solitária a tua luta,

mas, não uma luta inglória,

marcou a minha história,

herdei a honra, a memória,

e este orgulho de filho,

que trago sempre comigo.

Pai foi um exemplo de vida,

eu sempre quis te dizer,

mas o nosso jeito de ser,

nos deixava com receio, com medo,

faltou, talvez a coragem, de expressar,

num abraço, o meu apreço por ti.

Pai, as nossas poucas conversas,

a nossa falta de tempo,

ficando um vazio por dentro,

uma lacuna, um lamento,

que por mais que eu não queira,

tua presença está sempre perto, junto a mim.

Pai, eu ainda mantenho a lembrança,

da tua fisionomia,

o teu andar nos caminhos,

teu jeito sério e calado,

de uma voz embargada, sem gestos,

e o teu bigode quase sem fios, bem ralo.

Pai, tu partiu cedo, eu sei,

pensei que ficarias aqui, toda a vida,

mas atendeste ao chamado, ao pedido,

onde te encontras na glória, no além,

e daqui de longe, te juro, te digo,

tenho saudades do pai, de olhar severo e amigo.

Alcibaldo Almeida

Alcibaldo Almeida
Enviado por Alcibaldo Almeida em 06/04/2013
Código do texto: T4226585
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