Pai...
In memoriam de Ary Almeida
Pai, tu não eras tão velho,
te entregastes na lida,
pra nos manter a comida
sem te importar que o trabalho,
e as intempéries da vida,
pudessem te maltratar.
Pai foi solitária a tua luta,
mas, não uma luta inglória,
marcou a minha história,
herdei a honra, a memória,
e este orgulho de filho,
que trago sempre comigo.
Pai foi um exemplo de vida,
eu sempre quis te dizer,
mas o nosso jeito de ser,
nos deixava com receio, com medo,
faltou, talvez a coragem, de expressar,
num abraço, o meu apreço por ti.
Pai, as nossas poucas conversas,
a nossa falta de tempo,
ficando um vazio por dentro,
uma lacuna, um lamento,
que por mais que eu não queira,
tua presença está sempre perto, junto a mim.
Pai, eu ainda mantenho a lembrança,
da tua fisionomia,
o teu andar nos caminhos,
teu jeito sério e calado,
de uma voz embargada, sem gestos,
e o teu bigode quase sem fios, bem ralo.
Pai, tu partiu cedo, eu sei,
pensei que ficarias aqui, toda a vida,
mas atendeste ao chamado, ao pedido,
onde te encontras na glória, no além,
e daqui de longe, te juro, te digo,
tenho saudades do pai, de olhar severo e amigo.
Alcibaldo Almeida