Inspiração

Pois. O prazo incumprido,

o desalento de quem espera,

o amor é comprido

mas a cabeça não se esmera

A inspiração não desce

dos neurónios à ponta dos dedos

por aí aos trambolhões

e o segredo - se há segredos -

é abrir o portal da memória

e deixar fluir em glória

a torrente de recordações

Uma vida em cantata

onde até do sofrimento

se faz hoje serenata,

o resto é dar livre curso

à criança sexagenária

que aos rebolões com as netas

vive uma estória imaginária

a gargalhada e o disparate

tomam conta do adulto

quem tempera é a avó

que vê o templo desse culto

ameaçado de destruição.

No final, nada a temer,

à parte uma loiça a tremer,

uns a rir, outros no chão.

Minha filha, Maria De Lurdes Simões Correia

Lorde
Enviado por Lorde em 01/04/2013
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