Philia: Amor de amizade
Philia: amor de amizade
Para um trovador solitário
Que só tem um amigo (a)
Quando se ouve uma segunda pessoa
Dizer que é seu amigo (a)
É como água no deserto
É como o ouro de Salomão
“A Sabedoria”
É como o canto da cítara a meia-noite o acordando
“Nadir”
O sol da meia-noite
Que surge em meio da escuridão da meia-noite
Esse sou eu
O trovador solitário
De poucos colegas
E único amigo (a)
Tão poucos amigos (as)
Que eu já disse o que queria dizer
Em poucas palavras
De poucos amigos (as)
De uma dança talvez
Com um pequeno grupo de amigos e amigas
Seria o Jardim do Éden
Estou me estendendo na poesia
Que também é sinal de poucos amigos (as)
E muitas palavras a escrever
Tudo é justificativa
Para poucos amigos (as)
A literatura me permite isso
De imaginar eu me casando no interior
Do estado da Paraíba
Brejo Paraibano
Cidade de Serra da Raiz
Em dia de São João
Festa junina
Quadrilha junina
Noite e luz da fogueira
Iluminando a luz no olhar
Família e imaginários amigos (ex-amigos, colegas futuros amigos)
Dançando
Na praça em frente à igreja
Com um padre real
Casando
Abençoando
E a presença do coronel sogro
Me liberto e me estendo na poesia
Quero escrever em prosa agora
Prosa poética?
A literatura é minha única amiga agora
Imagino
Minha filha de 4 anos
Dizendo para sua mãe, minha esposa,
Que eu dou muito trabalho
Dizendo isso
Interpretando ela como se fosse minha mãe
Falando do Pai-lhaço que sou eu
Palhaço mesmo
Imagino
Minha filha de 15 anos
Apresentando o namorado no jantar
E eu brincando, mas falando sério
Dizendo que somos judeus
E temos que o circuncisar
O namorado constrangido
Que quer sair da mesa
E minha filha afoita
Diz que é brincadeira
Sem o namorado acreditar que é brincadeira
Minha filha recorre a sua mãe, minha esposa
Que implora, ela minha filha,
Para que a grande matriarca diga que é brincadeira
Imagino
Eu chegando em casa, com minha esposa e sua irmã
E vendo os trigêmeos fazendo uma bagunça no terraço
Digo:
“Ave Maria, é menino demais, cuida amore mio
Que eu vou é embora. Derruba uma casa esses meninos!”
Sua irmã estranhando, pergunta a minha esposa:
“Aonde ele foi?”
E ela responde
De cabeça sutilmente inclinada para baixo
De maneira meiga
De maneira submissamente feminina, mas feliz no olhar:
“Hoje é sábado, ele foi jogar bola, já já volta”
Imagino
Minha esposa saindo com a irmã no carro
Mas antes de sair ela ver no meu olhar
E nos olhares de nossas crianças
Que vamos aprontar alguma
E assim que ela sai,
Dançamos rock
Em inglês claro
Pra criançada não entender
E só curtir
Balançando a cabeça
Quando ela volta pra casa com a irmã
Nossas crianças fazem cara de sapeca
E ela sente algo no ar
E femininamente maternal
Sente o amor no ar de maneira secreta e pensa consigo mesma:
“Só podiam ter dançado rock,
Sabendo que eu não gosto desse barulho”
O ar secreto das crianças para comigo, pai,
E a natureza de ter feito algo legal
E inofensivo
Escondidos da disciplinada religiosa mãe
É agradável
Para as crianças
E família
Imagino
Meus filhos e esposa na mesa de jantar
E um dos meus filhos pergunta
Por que respeitar tal regra
E eu e meus outros filhos
Com o dedo indicador para cima
Volta esse dedo para baixo
Em direção a mesa
E dizemos
Em coro:
"Porque é a lei!"
Imagino
Na mesa de jantar
Minha filha
Criança
Querendo fazer traquinagem
Aprontar alguma
E eu digo para ela:
"Se aprontar vou fazer o moi de cócegas"
Muitas cócegas
Tantas
Que ela vai pedir para parar
E vai me obedecer
Imagino
Tendo um filho homem
Para o ensinar a ser o escolhido do futebol
Superar Pelé
E imagino
Tendo uma filha para poder morder ela bem muito
Ainda mais se ela for gordinha
E moreninha
Imagino
A imaginação
Sendo a maior arma para o bem
Versus fantasia
Imagino
Uma família
De amigos (as).
Autor: Victor da Silva Pinheiro
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