O ciclo humano

A essência do “eu” adapta-se as mais variadas realidades:

A realidade da chuva, a realidade do sol

A realidade da vida, a realidade da morte

Seja um pássaro que está aprendendo a voar

Seja um humano que está aprendendo a caminhar

A essência, representada aqui como uma energia,

Dá-nos uma idéia da dimensão simbólica do sujeito

Que tipo de sujeito nós aprendemos a ser?

Aquele que bate ou aquele que auxilia

Aquele que explora ou aquele que socializa

Então a ruptura inevitável do “eu” acontece

No momento mais lastimável, angustiante,

Quando temos a inteligência dos sábios

E o corpo exausto, cheio de marcas e feridas,

Basta para nós arrependermo-nos dos pecados?

Não creio. Eu pequei e continuarei a pecar...

Então a felicidade aparece ao lado da mesa

Na hora do jantar e nos chama de pai ou mãe

Como era simples! E nem podíamos imaginar.

Outros desafios, outras instâncias, outros ares,

O brilho nos olhos de alguém que viveu oito décadas

Parece a comprovação de que existe um algo mais

Desaparece o supérfluo, aparece a pequena mão de um bebê

Eras pai, agora és avô, fostes algoz, agora serás pastor,

Cuidasses dos teus filhos e agora eles cuidarão de ti.

O ciclo humano, que às vezes é interrompido,

Admite um ar leve, de missão cumprida,

Quando deitamos, à noite, na cama e pensamos:

Eu vivi! Eu amei! Eu eduquei! Eu morri!

Assim os dias se foram

E outros chegaram para ocupar meu lugar

Como uma espécie de regra universal

Cumpriu-se o destino de todos

E os papéis, antes avulsos, tiveram agora,

Pela primeira vez, a certeza dos seus intérpretes.

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 22/02/2013
Código do texto: T4154530
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