Não há mais flores no dia das mães
Era domingo, dia das mães, seis horas da manhã bateram a minha porta,
um acidente...uma vida ceifada...a sua, meu querido irmão!
As flores para comemorar uma data tão linda estavam sobre a mesa,
olhos marejados de lágrimas, coração dilacerado pela dor...
cabia a mim uma triste missão...
reconhecer o corpo e dar a notícia a nossa mãe!
No hospital gritos de dor foram ouvidos, não conseguia me conter,
era uma dor tão dilacerante, vinda das profundezas do meu ser!
Queriam me dopar, implorei que não o fizessem, pois minha mãe precisava de mim naquele momento,
pedi forças a Deus e controlei o meu tormento!
Como dizer a uma mãe, no seu dia, que parte do seu coração foi arrancado de forma brutal? Como dizer a ela que a ordem natural das coisas não foi cumprida...esses pensamentos me atormentaram todo o caminho de volta!
Toda a família estava ao lado dela quando cheguei, amparando, pois esperavam o pior, sabiam apenas do acidente...
Não foram necessárias palavras, a senhora me conhece tão bem minha mãezinha, a dor estava estampada em meus olhos e aumentou ainda mais quando senti a tua dor!
Arrancaram-lhe a alma, cortaram parte do seu coração em vida...
muitas mudanças foram necessárias depois disso, na tentativa de amenizar sua dor e hoje, passados alguns anos eu me pergunto: Por que?
Por que entre cinco pessoas num carro somente a tua vida não foi poupada?
Destino, hora certa, não sei!
Sei apenas que no dia das mães não houveram mais flores...
não houveram mais comemorações!
Saudades de você, da tua alegria, meu irmão!