AO QUERIDO VELHINHO

AO QUERIDO VELHINHO

(Simone Possas Fontana aos 18 anos de idade, poesia escrita para seu avô Manoel)

Seus olhos tristes e cansados

Enrugados, entreabertos, caídos,

Denotam muitos anos passados,

De muitos rancores sofridos.

Seus ouvidos não são como antes,

Sua voz treme ao falar;

Suas mãos: ásperas e arrogantes,

Nas costas, uma curva a se formar.

Suas pernas tremem ao andar,

Seus cabelos são brancos e ralos;

Anda triste em sua vida a vagar,

Ensaia um sorriso, que lhe é raro.

Sua esposa no desamparo o deixou,

Pois morreu e ele ficou a lhe amar;

Antes tivesse ido, mas ficou,

E não ficasse a saudade chorar.

Não quer ajuda de ninguém,

Pois prefere sozinho morar;

Trabalha pouco, recebe seu vintém,

Resolvo então, vou ajudar.

Tenta mostrar-se alegre

Para todos não preocupar;

Faz-me rir embora não se entregue,

Quer ser amado e só quer amar.

Quero proteger-lhe com carinho,

Pois é isso que ele mais precisa;

No resto da vida abrir caminho,

Ao meu caro avô, antes de sua ida!