As mãos de meu pai

As mãos de meu pai

são mãos de quem muito trabalhou

e de quem trabalha muito ainda.

Ao lado de alguns dedos há vincos

vincos escuros,

de quem plantou temperos

para almoços em família,

de quem procurou minhocas

para pescar com os netos,

de quem mexeu com a Terra

para sentir-se parte dela.

As mãos de meu pai

são grandes

e isso não é uma metáfora.

Quando criança eu tinha medo delas.

Naquela época elas não eram grandes

eram enormes.

Hoje sei que elas são assim

porque somos três irmãos

e meu pai dá sua mão a todos.

As mãos de meu pai

tem grossas veias azuis

e nelas corre o sangue farrapo

de Garibaldi e outros tantos

que o impeliram vida afora

a nunca desistir.

E talvez não seja um acaso

o nome de minha avó paterna ser Anita.

As mãos de meu pai

são cheias de coragem.

Elas lutam e vencem

os piores inimigos

que cada um de nós

tem na vida,

nossos limites.

E assim a cada dia

meu pai

que é um homem

que não reza

faz com as mãos

a melhor oração

que ele podia ensinar

a seus filhos.

As mãos de meu pai

enaltecem a vida

e de alguma forma

eu tenho certeza

que Deus o abençoa

por isso.

Bárbara A Sanco
Enviado por Bárbara A Sanco em 12/09/2012
Código do texto: T3877772
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.