As mãos de meu pai
As mãos de meu pai
são mãos de quem muito trabalhou
e de quem trabalha muito ainda.
Ao lado de alguns dedos há vincos
vincos escuros,
de quem plantou temperos
para almoços em família,
de quem procurou minhocas
para pescar com os netos,
de quem mexeu com a Terra
para sentir-se parte dela.
As mãos de meu pai
são grandes
e isso não é uma metáfora.
Quando criança eu tinha medo delas.
Naquela época elas não eram grandes
eram enormes.
Hoje sei que elas são assim
porque somos três irmãos
e meu pai dá sua mão a todos.
As mãos de meu pai
tem grossas veias azuis
e nelas corre o sangue farrapo
de Garibaldi e outros tantos
que o impeliram vida afora
a nunca desistir.
E talvez não seja um acaso
o nome de minha avó paterna ser Anita.
As mãos de meu pai
são cheias de coragem.
Elas lutam e vencem
os piores inimigos
que cada um de nós
tem na vida,
nossos limites.
E assim a cada dia
meu pai
que é um homem
que não reza
faz com as mãos
a melhor oração
que ele podia ensinar
a seus filhos.
As mãos de meu pai
enaltecem a vida
e de alguma forma
eu tenho certeza
que Deus o abençoa
por isso.