Casal Perfeito

Ela já se afogou num copo d’água,

e sempre faz da chuva fina uma tormenta.

Entretanto, diz que só tem medo de barata.

Uma mentirosa exagerada.

Ele a chama “meu doce de coco” e espera

pacientemente que a mulher morra.

“Porca covarde e insossa! Tua sepultura tá comprada.”

Ele adora cuspir no prato, que ela simplesmente

enxuga sem rusgas ou queixumes.

Ele diz que ela cede por puro amor.

Ela diz que é ela quem lhe pôs o cabresto.

Ela é fascinada por sucesso.

Ele ama o boteco.

Mas o casal até que vive bem.

Ela ronca, ele também.

E ambos são espertos.

Vivem na mais descarada dissimulação dos sentimentos,

até que finalmente chegue o dia em que a morte leve alguém.