Joana, cigarros e uma lata de cerveja
Thachy Luna
Quando somos crianças acreditamos que podemos fazer tudo que queremos, que quando crescermos seremos quem sempre sonhamos em ser!
Uma escolha, um passo mal dado pode alterar todos os nossos sonhos e planos para o resto de nossas vidas, assim aconteceu minha mãe...
Quando criança era feliz apesar das dificuldades, trabalhava com seu pai e irmãos no que eles chamavam de: Roçado, quando pequena nunca entendi o significado daquela palavra, mas agora tudo faz sentido para mim.
Joana levava uma vida de muito trabalho e pouco estudo, não terminou o ensino fundamental e hoje em dia tem uma grande dificuldade para ler, escrever, se expressar e entender o sentido das palavras. Sua adolescência foi cheia de desilusões e com o passar do tempo enamorou-se por um rapaz que não era da aprovação de seu pai, aos dezessete anos fugiu com ele e os dois construíram uma vida juntos, uma péssima escolha na minha opinião! Este homem era nada mais nada menos que meu pai! Ele é um homem grosso, egoísta, não mostra sentimento ou compaixão por quem quer que seja, os vinte e dois anos que vivi com ele apenas uma vez o vi chorar que foi na morte de sua mãe no ano de 2011.
Minha mãe Joana é um grande exemplo de como sofrer calada, desde pequena que não vejo minha mãe reclamar do que quer que seja, o que ela faz é guardar tudo em seu coração, fumar um cigarro atrás do outro acompanhado de uma lata de cerveja e apesar disso não amenizar sua dor e sofrimento por uma escolha mal sucedida que até hoje a atormenta, ela segui seu caminho para o trabalho sem reclamar, apenas com um olhar distante e cheio de sofrimento, cheia de calos nas mãos, dores no corpo por causa da idade e do grande esforço físico, problemas de saúde enfim... E mesmo assim ela segui sua triste sina sem reclamar ou culpar Deus.
Ter de conviver com um homem cujo único sentimento que tem em seu coração é pena, pois ele mesmo matou o amor que um dia ela sentiu! Senhor olha pela minha mãe que está se matando aos poucos, se afogando na fumaça do cigarro e entre um gole e outro de cerveja, não permita Senhor que em sua velhice ela sinta tristeza, que antes de partir ela possa ter conhecido o que é a felicidade, pois embora eu queira fazê-la feliz sei que nada será o suficiente, meu Deus escuta meu apelo e conceda a minha mãe e fim de vida em paz!
Joana vai seguindo seu caminho com cigarros e uma lata de cerveja na mão.