"COMEÇO DO FIM"
Valdemiro Mendonça
Esta coisinha tenra e miúda
Que não me deixa concentrar,
E com seus gritos estridentes
Faz até minha voz se calar.
Como agita a sapeca diabinha
Que corre por todo o terreiro,
Que não me deixa sossegado
Nem quando vou ao banheiro.
E quando cai e esfola o nariz
Chora me fazendo um susto,
Aí se aninha em meus braços,
E dorme o soninho dos justos,
E me obriga a ficar pensando,
Qual sentido existe no viver.
E sinto que o velho deve ter fim,
Para que o jovem possa viver.
E me vem no mesmo instante,
Uma pontinha de amargura,
Disfarço então duas lágrimas
Recheadas com minha ternura.
Trovador